• (64) 3621-4336 (Rio Verde)
    (64) 3636-7007 (Jataí)
    (64) 98406-4133 (Mineiros)
  • dept_atendimento@sethoresg.com.br

Maia se diz "perplexo" com demissão de Levy no BNDES

17-06-2019

Presidente da Câmara critica forma como governo conduziu saída de chefe do banco
 
BRASÍLIA - A participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, no processo de "fritura" de Joaquim Levy antes do pedido de demissão da presidência do BNDES deixou o Congresso com a impressão de que a equipe econômica continua participando da "usina de crises". O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao Estado que ficou "perplexo" pela forma como o ministro tratou o subordinado. Para ele, o ex-ministro era um quadro de qualidade que tinha a acrescentar para garantir as reformas que o País precisa neste momento.
 
O presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), também criticou a demissão. "O presidente Bolsonaro não entendeu que alguns quadros são suprapartidários. Eles não contribuem com um ou outro governo. Contribuem com o País", disse. "É uma pena. No fim das contas, quem perde é o Brasil."
 
Já o líder do Podemos, José Nelto (GO), levantou dúvidas sobre o real motivo da demissão. "Estou preparando para que ele seja convocado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES, ele terá de ir lá explicar o motivo da demissão dele. Se foi por um motivo político ou se foi porque ele não quis abrir a caixa-preta do BNDES. Porque ele não mostrou os empréstimos internacionais, para países da América e da África, para a JBS também", disse.
 
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão Conteúdo
 
A Câmara criou em março uma CPI para examinar operações do banco de 2003 a 2015, com foco no financiamento à internacionalização de empresas. Em abril, o banco chegou a criar um Grupo de Trabalho para atender com informações e documentos solicitados pelos deputados.
 
Um pedido para Levy se explicar no Congresso já tinha sido aprovado em abril. O presidente da CPI, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), disse ao Estado que vai decidir hoje com os colegas da comissão a data da ida de Levy ao colegiado.
 
Até agora, Guedes era um dos poucos ministros do presidente Jair Bolsonaro que não tinha batido de frente com o Legislativo. Em um momento delicado para a tramitação da Previdência, a nova onda de crises incitou algumas lideranças a buscarem ainda mais o protagonismo das reformas econômicas.
 
Uma possível consequência aos ataques de Guedes, segundo uma fonte, seria o Congresso assumir totalmente o protagonismo da próxima grande reforma que é a tributária, deixando o Executivo de fora. A proposta do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) prevê a unificação de cinco tributos - IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS - num único Imposto sobre Operações com Bens e Serviços.
 
A equipe econômica, porém, trabalha para reatar a relação com o Congresso, com o principal objetivo de fazer ajustes no parecer da reforma da Previdência apresentado pelo deputado Samuel Moreira(PSDB).
 
"A equipe econômica começa a tumultuar a parte política", afirmou o líder do Podemos na Câmara, José Nelto (GO). "O Congresso tem sido parceiro do Brasil e vai tocar todas as reformas. Temos de assumir o protagonismo", afirmou. "O governo tem sido inconstante. Muda as coisas, como quem muda de camisa.
 
Ninguém pode ensinar o governo a governar", critica o líder do PL (antigo PR), Wellington Roberto (PB).
 
Governo pode perder protagonista em reforma da Previdência, diz analista
 
Para o cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antonio Carvalho Teixeira, o governo pode perder protagonismo em questões como a reforma da Previdência. "Não sabemos o futuro do governo desse jeito. O governo perdeu capacidade de articulação e a impressão que tenho é que o protagonismo em relação à reforma da Previdência vai sair do Congresso e não do governo", afirmou.
 
Os líderes são praticamente unânimes ao negar que as críticas de Guedes ao Congresso possam atrapalhar a aprovação da Previdência. "A reforma da Previdência é do Brasil", diz Wellington Roberto. Sem comentar a crise, o presidente do PRB, deputado Marcos Pereira (SP), reafirmou pelo Twitter, seu apoio à proposta.
 
"Não é de hoje que a reforma da Previdência é essencial para a recuperação econômica do Brasil, por isso eu sou favorável."
​​​​​​​
Procurado pela reportagem, Guedes não respondeu.