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Filho do presidente é o único dos quatro senadores do PSL que não assinou a petição pela abertura da comissão
Osenador
Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ) recebeu do presidente nacional do partido, deputado
Luciano Bivar
(PE), pedido para entrar na articulação contra a criação da
CPI da Lava Toga
. Filho do presidente
Jair Bolsonaro
, Flávio é o único dos quatro senadores do PSL que não assinou a petição pela abertura da comissão.
A CPI é vista com poder para afetar a relação entre os Poderes. A articulação para enterrar a CPI é liderada pelo presidente do Senado,
Davi Alcolumbre
(DEM-AP), que classificou a tentativa de criação da comissão como inconstitucional. "Se há entendimento de que a comissão não pode investigar decisão judicial, como vou passar por cima disso?", questionou.
Flávio Bolsonaro.
Foto: Gabriela Biló / Estadão Conteúdo
A senadora
Maria do Carmo
(DEM-SE) anunciou que vai retirar o nome na lista, que contava com 28 assinaturas; segundo ela, atendendo a Alcolumbre. O presidente do Senado, por sua vez, negou ter pedido diretamente a senadores que retirassem assinaturas, mas admitiu que tentou convencer parlamentares sobre seu posicionamento contrário à
Lava Toga
.
Procurados pelo
Estadão/Broadcast
, os senadores
Major Olímpio
(PSL-SP) e
Soraya Thronicke
(PSL-MS), afirmaram que não vão mudar de posição e negaram ter sido procurados por
Flávio
. A senadora Juíza Selma (PSL-MT) não quis se manifestar. Na noite desta segunda-feira, 9, a expressão "assina Flavio Bolsonaro" era o assunto mais comentado no Twitter entre internautas brasileiros.
Luciano Bivar disse ao
Estadão/Broadcast
ter pedido aos senadores do PSL que reconsiderassem o posicionamento, porque percebe na proposta um "uma afronta ao Poder Judiciárioo". "Precisa-se fazer um entendimento melhor do que fazer uma CPI, isso não faz sentido", disse o presidente da legenda, acrescentando que é preciso "apostar na governabilidade no nosso país."
O pedido de Bivar a Flavio Bolsonaro vem em um contexto no qual os colegas da bancada no Senado se recusam a mudar de posição.
A intenção do dirigente partidário é que o filho do presidente convença os colegas no Senado. "Eu pedi para ele (
Flávio
) me ajudar nisso. Não sei qual foi a ação que ele teve", disse Bivar. Após falar com a reportagem, o presidente do partido emitiu uma nota afirmando que "em momento algum foi dada ao senador Flavio Bolsonaro a incumbência de articular a referida retirada de assinaturas."
Procurado via assessoria de imprensa, Flavio Bolsonaro não se manifestou.
Mesmo negando ter sido procurado por
Flávio Bolsonaro
para mudar de posição, o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), deu o recado declarando que tentativas, de quem quer que sejam, não trarão resultado. "É mais fácil uma vaca passar voando na minha frente do que eu desistir. A saúva sabe a roça em que come. Quem quiser ouvir bastante desaforo venha tentar me convencer", disse. "E não acredito que as senadoras irão mudar", acrescentou.
Soraya Thronicke
, por sua vez, afirmou que foi procurada por Bivar na tentativa passada de instalação da comissão, que terminou em arquivamento, mas não agora. Segundo ela, o dirigente partidário pediu que "raciocinem bem, com cautela, para que não tenhamos problemas com os 3 poderes". Soraya lembrou que a bandeira do PSL é contra a corrupção e disse ao
Estadão/Broadcast
que não irá mudar. "Todos sabem meu posicionamento", disse.
Requerimento é a terceira tentativa de criar CPI da Lava Toga
O novo requerimento da
CPI da Lava Toga
- ainda não protocolado - é a terceira tentativa de um grupo de senadores. O argumento é a suposta ilegalidade do inquérito aberto pelo STF para investigar ameaças contra magistrados. No bojo do "inquérito das fake news", como ficou conhecido, foram determinados pelo ministro
Alexandre de Moraes
a suspensão de procedimentos de apuração da Receita Federal e o afastamento de auditores fiscais. Além disso, o ministro censurou uma publicação da revista eletrônica
Crusoé
.
Com a saída de Maria do Carmo da lista de apoiadores, a CPI perde a quantidade de 27 assinaturas necessárias para que um pedido seja protocolado oficialmente.
"Nos termos que está sendo feita, não vai adiantar de nada. Isso não vai dar em nada e acabou-se. Em alguns aspectos eu era (
favorável
), pela agilidade que a Justiça precisa ter, mas em outros aspectos, não, pelo clima institucional. Os Poderes têm que ser harmônicos, nada de um estar brigando com o outro", disse a senadora à reportagem.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), idealizador do requerimento, tenta agora outros apoios. Na tentativa de enterrar o pedido, o presidente do Senado conversou com governistas que assinaram o requerimento. "Eu tinha uma preocupação de tirar o foco das reformas, mas acho que não há por parte do governo uma preocupação, basta ver as três assinaturas do PSL", comentou o vice-líder do governo no Senado Izalci Lucas (PSDB-DF), um dos signatários do pedido.