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Mulher diz que marido a deixou, ela ficou deprimida e não consegue lidar com as mudanças. Caso aconteceu em Rio Verde. Cabe recurso.
Decisão que indeniza gari que ficou com seios deformados após cirurgia de redução das mamas — Foto: Reprodução/TJ-GO
U
ma gari de 35 anos, que não quer ser identificada, ficou sem os mamilos e teve os seios deformados após passar por uma cirurgia de redução das mamas em
Rio Verde
, na região sudoeste de Goiás. A operação foi feita em 2013. Um ano depois ela conseguiu entrar com uma ação na Justiça contra o médico e, após cinco anos de espera, teve uma decisão favorável. Cabe recurso.
A mulher conta que desde que fez a cirurgia a vida nunca mais foi a mesma. Ela disse que cinco meses após a operação o marido a deixou por causa de como os seios dela ficaram. Por isso, entrou em depressão e precisou tomar medicamentos para controlar a doença. A gari lembra ainda que ganhou cerca de 30 kg desde então, porque mal saía de casa .
“Eu juntei dinheiro uns 5 anos para fazer essa cirurgia e minha mãe ainda me ajudou. Na época acho que paguei uns R$ 8,5 mil. Só que ficou muito ruim. Quando eu vi que tinha ficado sem o bico dos peitos, eu queria chorar. Ficou com uma parte mais escura, parecendo que ficou queimado, e a cicatriz muito grossa. Se aperta, eu não aguento de dor até hoje”, disse a vítima.
Gari afirma que teve sequelas por causa da operação e entrou na Justiça para conseguir reparação — Foto: Reprodução/TJ-GO
Na decisão, dada no último dia 3 de abril, a juíza Lília Maria de Souza determinou que o médico que a operou pague R$ 50 mil à paciente e ainda arque com os custos de uma cirurgia reparadora para a vítima.
A advogada do médico, que pediu para não ter a identidade dela e do cliente divulgadas, disse que não iria se manifestar porque o processo ainda está em fase de recurso e que tramita um pedido para segredo de Justiça para a ação.
Defensora da gari, a advogada Isabel Cristina Lopes Pavanello disse que a cliente fez a cirurgia não por questões estéticas, mas porque a mulher sofria de gigantomastia bilateral, uma condição que deixa os seios muito grandes e causa dores nas costas.
“Quando ela me procurou, não tinha como nem entrar com ação. Eu fiz para ela um valor para esse fim da ação, que ela só iria me pagar se tivesse êxito, por ser muito humilde, de poucos recursos mesmo. Se quiser amamentar, ela não pode, e falaram para ela fazer uma tatuagem para reparar. Se ela fica sem graça com o marido, imagina se colocar para fazer uma tatuagem”, contou.
Sequelas
A gari disse que antes de fazer a operação tinha vontade de se sentir bem em um biquíni, se sentir bem consigo mesma e evitar as dores nas costas. Anos depois da operação, ela disse que os sonhos parecem ainda mais longe.
“Meu marido mesmo quis se separar porque ficaram muito feios. Eu não tenho coragem de ir para uma piscina sem estar de camiseta, por exemplo. Não tenho coragem de trocar de roupa na frente de ninguém, muito menos de arrumar um namorado nessa condição”, afirmou.
A mulher tem péssimas lembranças do pós-operatório. Ela contou que sempre que ia refazer o curativo sentia muitas dores e não podia esperar pela hora de acabar o tratamento. A gari contou que também teve que usar medicamentos por alguns meses, já que teve necrose em alguns pontos. A doença foi tratada, mas a decepção ao ver o resultado persiste.
“Eu lembro que arrancava pedaço de couro de dentro de mim. Quando passou essa fase de curativos, que eu vi que tinha ficado sem os bicos dos peitos... Eu queria morrer. Foi uma decepção na minha vida”, recordou.
Esperança
Após 5 anos de espera pelo resultado da ação, a gari vibrou ao saber que a Justiça havia decidido a seu favor. Ela contou que pensa em fazer uma operação o quanto antes, se conseguir, para reparar os danos causados pela primeira cirurgia.
“Nossa eu fiquei feliz demais quando soube, mas ainda demora para receber o dinheiro, parece. Eu queria poder fazer a operação logo para consertar. Meu sonho agora é tentar arrumar, voltar a ter os mamilos, se eu puder. Tentar minimizar essa cicatriz, que ficou grossa demais, e ver se eu fico sem a dor quando aperta”, contou, esperançosa.